Segundo economista, o Intervencionismo estatal esgotou estado de bem-estar social brasileiro
Por: J. Nito
O físico com doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, Samuel Pessôa, foi o terceiro entrevistado da serie “Encontros” na Escola de Contas do Tribunal de Contas Municipal de São Paulo. O economista fez uma análise da conjuntura econômica e política do Brasil, respondendo a perguntas do jornalista Florestan Fernandes Jr., do sociólogo e também diretor da Escola de Contas, Jessé Souza e da plateia. A entrevista ocorreu no ultimo dia 5 de julho.
O físico com doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, Samuel Pessôa, foi o terceiro entrevistado da serie “Encontros” na Escola de Contas do Tribunal de Contas Municipal de São Paulo. O economista fez uma análise da conjuntura econômica e política do Brasil, respondendo a perguntas do jornalista Florestan Fernandes Jr., do sociólogo e também diretor da Escola de Contas, Jessé Souza e da plateia. A entrevista ocorreu no ultimo dia 5 de julho.
Visão econômica bipolar
Desde já gostaria de confessar ao caro leitor que a divergência de opinião sobre como sair da crise econômica em que vivemos me parece ser uma crise dentro da crise. Enquanto alguns economistas defendem a intervenção estatal na economia, outros já apresentam o “outro lado da moeda” como saída da crise, como é o caso do economista Samuel Pessôa, defensor das atuais mudanças nas leis trabalhistas e previdenciária.
Em relação à intervenção estatal na construção do estado de bem-estar social, defendido pelo economista Bresser-Pereira, segundo entrevistado da serie “Encontros”, Samuel Pessôa contrapõe dizendo que “a intervenção do estado na economia nacional fez com que o estado de bem-estar social, que vem sendo referendado nas ultimas eleições presidenciais, esgota-se, pois não há mais bases tributarias para sustentar as demandas”. Pessôa ainda alerta dizendo que o Brasil “vive a maior crise econômica dos últimos 120 anos”.
Na visão do economista Bresser-Pereira, para que o Brasil saia da crise é preciso que haja um equilíbrio fiscal e o controle do cambio para estimular a indústria nacional. Já Samuel Pessôa coloca que: “Para que seja possível desvalorizar o cambio a gente, simultaneamente, tem que fazer um ajuste fiscal, que é o aumento da poupança, e isso de fato vai gerar uma maior alocação da indústria. A diferença é que o Bresser vem de uma tradição desenvolvimentista estruturalista que esta associada a uma visão de que para ativar a economia basta depreciar o cambio e alocar recursos para setores que geram desenvolvimento econômico”. Pessôa diz que olhando os números não chega a essa conclusão: “O PIB brasileiro aumentaria muito mais se eu mantivesse a alocação de recursos como esta hoje, mas elevando a produtividade brasileira no mesmo patamar da norte-americana, porque a produtividade no Brasil é um quinto da produtividade americana”.
Golpe e crise econômica
No momento dedicado a perguntas da plateia, perguntei a Samuel Pessôa se o fato de termos um governo ilegítimo, chegando ao poder através de um golpe parlamentar, contribui para que o país se alongue na crise, visto que o presidente não é uma figura bem aceita aos olhos internacionais e nacionais? Esse cenário político não afastaria investimentos externos e internos?
Resposta de Pessôa: “Não há a menor duvida [...] a gente vai ter a oportunidade de lidar com esses problemas no processo eleitoral do ano que vem, quando a gente eleger um candidato com legitimidade [...] uma parte muito grande dos problemas que a gente esta vivendo aqui é porque o processo eleitoral de 2014 foi de muito baixa qualidade, todo mundo escondeu da população os problemas [...] eu espero que o nosso próximo processo eleitoral ocorra em um nível muito diferente do que ocorreu no passado”.
O jornalista Florestan Fernandes Jr. acrescentou que o Brasil foi rebaixado pela agência de classificação de risco Moody’s, dizendo que nos já caímos para uma situação de perigo.E que a entrada de dólares no país caiu , no começo de junho, em 4 bilhões de dólares.
Passôs diz ainda: “Que o Brasil é um pais muito complexo e
muito desigual. Não tem solução mágica, não são os banqueiros os culpados, não
são o capital internacional que nos explora, não tem um anjo maligno que nos
explora”. Defensor das mudanças na previdência e na área trabalhista, Passos
completa dizendo que “o pais precisa de uma agenda de reformas
microeconômicas”.
Sobre Samuel Pessôa
Samuel de Abreu Pessôa foi assessor do senador Tasso Gerensat e do senador Aécio Neves (ambos do PSDB), é professor de pós-graduação em economia da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro (EPGE/FGV), chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e editor da revista “Pesquisa e Planejamento Econômico”. É doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), bacharel e mestre em física pela mesma universidade. É especialista em crescimento, flutuações e planejamento econômico. Participou da organização do livro "Desenvolvimento econômico - Uma perspectiva brasileira" (Editora Campus, 2012). Samuel Pessôa escreve na Folha de S. Paulo aos domingos.
Assista
a entrevista na integra
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